Ao visitar os Açores
26 de Novembro de 2004
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Ao visitar os Açores
Muita coisa pode ver
Meninas jogando à bola
Homens na tasca a beber.
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As nossas ilhas são nove,
No globo terrestre tão miudinhas,
Mas quem as visita amiúde,
Leva saudades nas malinhas.
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Tia Mariquinhas de preto
Com sua saca à cabeça
Milhafres no céu voando
À procura de uma presa.
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Vestem-se muito a rigor,
Para ir p'ra procissão
Batem no peito com fervor,
Pedindo a Deus seu perdão!
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O tio Manel p'lo caminho
Com sua enxada ás costas
Uma gatinha a miar
Procurando um par de botas.
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A tia Maria foi p'ra pia,
Lavar a roupa do marido,
Olha que até as ceroulas:
Estava tudo encardido.
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Nos pastos estão as vacas
Comendo erva sem parar
Nos correios muitas pessoas
Já mortas de tanto esperar.
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Aqui na nossa cidade,
Vão buscar uma senha,
Ficam num bom tagarelar,
Uma autêntica resenha.
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Igrejas por todo o lado
Com seus sinos a badalar
Pardais a perder de vista
Nas terras a bom cantar.
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Os pardais estão cantando
A animar a natureza,
Os cristãos nas Igrejas,
Erguem cânticos em beleza.
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Os bichanos a miar,
À volta da dona espreitam,
Doidos por apanhar,
Os restos que lhes deitam.
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Nos Açores há de tudo
Posso aqui testemunhar
Rapazes fumando charros
Muitos outros a roubar.
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Precisam de ocupação
Serem muito responsáveis
Não desgraçar a família
Com cenas miseráveis.
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Políticos de meia tigela
Queriam a todos enganar
Prometendo o céu na terra
Para o poleiro ganhar.
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Eu acho que todos querem
Experimentar o poder,
Só que talvez não pensam
Que governar dá que fazer.
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Mas, César não é tolo
Não se deixou enganar
Conseguiu a maioria
Para a todos governar.
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Já está formado IX Governo,
Com os seus governantes,
Desejo-lhes muita virtude,
Para animar simpatizantes.
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Nos Açores de lindas ilhas
Há paisagens para ver
Lagares cheios de uvas
Com vinho p'la bica a correr.
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O vinho por cá abunda,
Nos rostos é bom que se veja,
E do "Chafariz Milagroso"
Corre abundante a cerveja --------------------------------------------
O José que vai às lapas
Já não tem nada a temer
A polícia tem olhos vendados
Já não o manda prender.
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Nem me fales em lapas,
Que fico com água na boca,
Só de lembrar tais petiscos,
Uma pessoa fica louca.
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A tia Maria Cachucha
Passa a vida a mexericar
Já tem o nariz comprido
De tanto bisbilhotar.
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Por isso no Carnaval,
Os Bailinhos e as Danças,
Aproveitam para representar,
O caricato nas festanças.
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Nestas lindas nove ilhas
Há festas por todos os lados
No ar cheirinho a pipocas
Moças com seus namorados.
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Que belas recordações
Agora vou falar baixinho:
Lembram-se de antigamente,
Às escondidas, o beijinho!?
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Há novelas brasileiras
Na nossa televisão
Artistas que pensam entrar
No festival da canção.
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Cá na minha opinião,
Boa canção têm d'inventar,
Senão o nosso Portugal,
Fica sem bom classificar.
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Os Açores é paraíso
O jardim das belas flores
Os artistas tudo pintam
Paisagens de muitas cores.
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Gentes com sabedoria,
Quadros belos, elogiados,
O azul do nosso mar,
O verde dos nossos prados.
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Lavradores em suas terras
Pescadores em alto mar
Os preços sempre a subir
E ordenados a baixar.
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Mais vale a gente rimar,
Em desafio brincalhão,
Para tentar espairecer:
O euro faz-me confusão.
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Com favas e milho torrado
A passar pelo joeiro
Tudo é bom como aperitivo
Desde que haja vinho de cheiro.
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Nesse ambiente festeiro,
Toca a ir para a tourada,
Metem-se na frente do toiro,
E levam forte marrada!!
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Nesta ilha Graciosa
Reina o mais branco candor
Pinturas por descobrir
Obras primas do pintor.
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Esse pintor tem de ir
Ao programa do "Bom Dia"
Aparecer no televisor,
Em toda e qualquer freguesia.
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Num mundo de mil talentos
Tudo o que a vista alcança
A morcela e os torresmos
A alegria da matança.
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Ainda me lembro dos torresmos,
Da morcela, sarapatel e linguiça,
Da brincadeira com a "bexiga"
Jogar à bola nem era preguiça.
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Agradeço a participação
Por mais esta vil balada
Que haja muita inspiração
Para a próxima desgarrada.
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Cabe-me agora terminar,
De forma sempre ordeira,
Uma saudação especial,
Adeus "inté à promeira"!
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Autoria:
Jorge Gonçalves (Graciosa)
Rosa Silva (Azoriana) da Ilha Terceira